MAB propõe ao governo a criação de programas de saúde específicos para os atingidos por barragens

Uma das propostas do Movimento é o fortalecimento e a ampliação da parceria com a Friocruz para a execução de projetos nacionais na área de saúde coletiva

MAB apresentou demandas das populações atingidas ao governo. Problemas relacionados à saúde têm se multiplicado por todo o país em regiões atingidas por rompimentos, problemas de segurança e operação de barragens. Foto: Divulgação

Durante reunião realizada no Ministério da Saúde, na última segunda,18, coordenadores do Movimento dos Atingidos por Barragens – MAB apresentaram propostas para a ministra, Nísia Trindade, focadas na criação de estratégias e programas de saúde voltados para as populações atingidas por barragens em todo o país.

De acordo com Moisés Borges, que integra o Coletivo de Saúde do MAB, a ministra se mostrou muito sensível à pauta do Movimento e à necessidade da criação de políticas públicas que atendam às famílias atingidas. “Acredito que o Movimento dá mais um passo importante na cobrança da dívida histórica que o Estado brasileiro tem conosco”, avaliou.

Neste contexto, Leonardo Maggi, coordenador do MAB, ressalta que a realidade das comunidades atingidas demanda uma estrutura específica de atendimento que contemple os diversos impactos causados pelas barragens na saúde física e mental dos moradores.

“Quando se anuncia uma obra para um território, já é necessário ter uma ação de saúde prevista, porque o impacto existe antes, durante e após a instalação do empreendimento. O destaque são as situações extremas de rompimento, como nos casos de Mariana e Brumadinho, que deixaram um legado perverso de contaminações e quadros de enfermidades dos mais diversos tipos nas populações atingidas, mas mesmo a consulta sobre uma obra que vai atingir o território já causa problemas de saúde”, reforça Leonardo.

De acordo com estudo produzido recentemente pela Fiocruz, as drásticas mudanças de vida provocadas pelas barragens, como deslocamento forçado e alterações nas paisagens, causam não apenas doenças infectocontagiosas relacionadas às migrações de trabalhadores, mas também aumento de doenças como diabetes, hipertensão, obesidade, cardiopatias, doenças respiratórias, digestivas e de pele. Além disso, se destacam os quadros de depressão, estresse, ansiedade e distúrbios nutricionais, entre outros quadros ligados ao sofrimento mental dos atingidos.

Nesse contexto, o Leonardo explica que a criação de políticas públicas de saúde próprias para esses territórios é essencial para se promover uma reparação integral para as comunidades afetadas.

Reunião de coordenadores do MAB com ministra da saúde Nísia Trindade em Brasília – DF. Foto: Divulgação

Além da criação de novos programas de saúde para os atingidos, outra proposta do Movimento é ampliar a atuação conjunta do MAB com a Fiocruz para a realização programas de educação popular em saúde em áreas atingidas por barragens a partir da formação de “Agentes Populares em Saúde Ambiental”. A ideia é nacionalizar a iniciativa, que já foi executada com sucesso em alguns estados do país. Além disso, o MAB também busca apoio para viabilizar programas da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) para trabalho com as mulheres atingidas.

Esses projetos têm o objetivo de fortalecer a participação popular e as práticas coletivas de saúde entre populações atingidas de agricultores familiares, comunidades ribeirinhas, de quilombolas e pescadores, entre outras.

Por último, os dirigentes do Movimento convidaram a equipe do Ministério para prestigiar o Seminário “A Luta dos Atingidos por Barragens e a Saúde em Movimento”, que acontece no dia 27 de abril, no auditório da Escola Politécnica Joaquim Venâncio – Fiocruz, no Rio de Janeiro (RJ).

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