NOTA | MAB repudia tratamento da ALESP à Mostra Arpilleras, que reúne obras de arte das mulheres atingidas

Apesar do boicote e desrespeito da presidência da Assembleia em relação à exposição, que já rodou por vários países, mulheres do MAB conseguiram manter a mostra em cartaz entre os dias 15 e 24 de março

Mostra com telas bordadas por mulheres do MAB para denunciar violações de direitos já rodou por vários estados do Brasil, em universidades, assembleias legislativas, órgãos do judiciário, SESC, além de espaços culturais de outros países. Foto: Alesp

Com extrema indignação, repudiamos o tratamento da presidência da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo – ALESP em relação à  Exposição “Arpilleras, Bordando a Resistência”, organizada pelo Movimento dos Atingidos por Barragens – MAB, no espaço da Assembleia.

Mesmo com liberação oficial, registrada no sistema da ALESP desde o mês de fevereiro, tivemos muitos constrangimentos, transtornos e desrespeito por parte da presidência do órgão com as obras de arte, com o Movimento e com os convidados que visitariam e participariam do ato artístico de abertura oficial da exposição no último dia 15.

A mostra reúne um conjunto de 18 telas bordadas em tecidos com técnica conhecida como arpilleras, peças únicas criadas por mulheres atingidas por barragens no Brasil e organizadas no Movimento dos Atingidos por Barragens. Cada peça de arte apresenta um relato diferente sobre as experiências traumáticas vividas por elas, em diferentes localidades, de Norte a Sul do país, além de reivindicações de direitos básicos.

Para o MAB, a Alesp promoveu, durante o período da exposição, a violação de direitos e a tentativa de silenciamento das mulheres atingidas, pois não foi permitida a montagem no Hall Monumental, no último dia 13, conforme já havia sido autorizado. Também foi proibida a realização do ato de abertura no último dia 15, conforme programação inicial. Além disso, nesse mesmo dia, a Polícia Militar fez um memorando de retirada da Mostra, com aval da presidência da ALESP.

Sendo assim, um dia em que que era para ser celebrada a potência criativa das mulheres atingidas em um espaço tão importante como a ALESP, que recebe diversas exposições e artistas na sua programação, foi marcado pela falta de respeito com as autoras dos trabalhos artísticos e militantes da organização.

Repudiamos veementemente o desprezo e a  falta de sensibilidade com uma mostra que  percorre – desde 2015 – diversos espaços públicos e privados do mundo todo com um acervo de mais de 300 obras já produzidas e um filme que já foi premiado pelo 44o Festival do Sesc como um dos melhores documentários.

As obras que integram a exposição já foram expostas no Memorial da América Latina, no Museu de Artes de São Paulo – MASP, em diversas universidades, em unidades do Sesc, em várias Assembleias Legislativas do país,  na Câmara Federal, em órgãos do Judiciário, bem como em espaços culturais de diversos países, como França, Itália e Alemanha.

Mesmo com tantos transtornos, desprezo com as obras de arte, com as mulheres atingidas e com o Movimento, além das tentativas de intimidação por parte de representantes da ALESP, não baixamos a cabeça e nos sentimos vitoriosas por conseguirmos manter a exposição em cartaz entre os dias 15 e 24 de março.

Reafirmamos a importância da expressão cultural e artística das atingidas que, de forma estratégica, contribui para a formação cultural e indenitária das mulheres, despertando no público o senso crítico que contribui para o debate social sobre violações de direitos humanos e sobre o modelo energético que reivindicamos.

Seguiremos nos expressando e reivindicando nossos diretos através das Arpilleras.Agradecemos toda a equipe da liderança do PT e da deputada Marcia Lia pelo apoio, respeito e dedicação, garantindo, juntamente ao Movimento a montagem da exposição no dia 14 à noite e a permanência dela na ALESP até a data previamente combinada.

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