Inpe: alertas de desmatamento na Amazônia em janeiro caem 61%

Ambientalistas veem reflexo da política ambiental anunciada por Lula e Marina Silva. Sob o governo Bolsonaro, taxa de desmatamento na Amazônia foi 165% maior em relação à média histórica

Os primeiros indicadores sobre o desmatamento na Amazônia no governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) mostram a quarta menor taxa da série histórica, iniciada em 2015 pelo Deter, o sistema do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). De acordo com os dados, divulgados nesta sexta-feira (10), foram derrubados 167 quilômetros quadrados de área na Amazônia neste mês de janeiro. O total, contudo, indica uma queda de 61% no desmatamento em comparação com o mesmo mês no ano passado. 

Operação na Terra Indígena Yanomami em fevereiro desse ano. Foto: Ascom Ibama

Ainda durante a gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), o índice chegou a 430,44 quilômetros quadrados em janeiro de 2022. Um aumento de 165% em relação à média de desmatamento no bioma, de 162 quilômetros quadrados, dos últimos seis anos. 

Para a organização ambiental WWF, em entrevista ao portal g1, a queda neste primeiro mês de 2023 pode ser reflexo da retomada da pauta da defesa ambiental. Sob o governo Lula, o Ministério do Meio Ambiente voltou ao comando de Marina Silva (Rede), 15 anos depois de sua passagem pela pasta.

Durante a campanha eleitoral e após a posse, o novo presidente reforçou a promessa de agir para zerar o desmatamento, reduzir as emissões de gases do efeito estufa e remontar ações de fiscalização e repressão aos crimes ambientais. 

Fundo Amazônia e os EUA

No último mês, o Ministério da Justiça prorrogou para até o dia 12 de julho de 2023 o uso de agentes da Força Nacional de Segurança Pública em toda a Amazônia Legal. O bioma corresponde a 59% do território brasileiro e engloba o Acre, Amapá, Amazonas, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima, Tocantins e parte do Maranhão. Desde seu primeiro mês, o governo Lula também realiza operações contra o desmatamento e o garimpo ilegal, como na Terra Indígena Yanomami, em Roraima. 

As ações vêm ajudando na reconstrução da imagem do Brasil no exterior. Para esta sexta (10), por exemplo, é esperado o anúncio da participação dos Estados Unidos no esforço do país para lidar com os desmatamentos nas florestas. De acordo com informações do correspondente internacional Jamil Chade, a previsão é que o aporte de recursos seja confirmado durante reunião de Lula com o presidente dos EUA Joe Biden, na Casa Branca. A ideia é que eles sejam canalizados por meio do Fundo Amazônia. 

Tendência de reversão

Por outro lado, especialistas recomendam aguardar os dados dos próximos meses para confirmar se há reversão da taxa de desmatamento. A diminuição de janeiro pode estar relacionada ao período de chuvas na região, que dificulta a derruba. No entanto, ressalvam que os números altos nesta época do ano, registrados durante o governo Bolsonaro, também foram considerados pontos fora da curva. 

Principalmente em 2022, os dados de janeiro e fevereiro acumularam recordes de floresta derrubada. Ao todo, foram desmatados 199 quilômetros quadrados no segundo mês do ano. Um total 47% maior à média de 2016 e 2021. 

Confira abaixo a área da Amazônia Legal desmatada em janeiro de cada ano:

  • 2023: 167 km²
  • 2022: 430 km²
  • 2021: 83 km²
  • 2020: 284 km²
  • 2019: 136 km²
  • 2018: 183 km²
  • 2017: 58 km²
  • 2016: 229 km²
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