Atingidos por Barragens ocupam Esplanada dos Ministérios na posse de Lula junto a outras organizações populares

Mais de 10 mil militantes de diferentes organizações sociais de todo o Brasil viajaram até a capital do país e marcharam rumo a Esplanada para participar do momento histórico nesse domingo, 01

Multidão acompanha o discurso de Lula na praça dos 3 poderes. Cerca de 300 mil pessoas acompanharam a posse. Foto: Ricardo Stuckert

“Temos esperança nos olhos e a cabeça erguida, porque sabemos que estamos do lado certo da história. E a gente ajudou a construir esse momento. Então, essa vitória é um marco para nós, que atuamos intensamente na campanha e na articulação, acreditando que é possivel viver em um país mais digno e mais feliz”, contou Aline Gomes Ruas, de Araçuaí (MG), que é coordenadora do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB). A militante afirmou que a viagem de 15 horas que separam sua cidade no sertão mineiro e a capital do país, valeu muito a pena para celebrar a posse do presidente Lula com outros companheiros de luta.

“Além de festejar, Aline destaca que esse é um momento de ajudar o governo Lula a reconstruir o país e tudo que foi destruído nos últimos anos. “Nossa região do sertão mineiro sofreu muito com a perda das políticas de acesso à água, à educação, políticas voltadas para as mulheres que foram destruídas por Bolsonaro. E agora a gente voltar a ter esperança de recomeçar. E vamos contruir um modelo energético popular”

“Assumo o compromisso de junto com o povo brasileiro reconstruir o país, e fazer um Brasil de todos e para todos” – Lula

Em seu discurso Lula ressaltou a situação de “destruição” que seu governo identificou na transição e reafirmou o combate a fome, protagonismo do país internacionalmente, desmatamento zero na Amazônia, entre outros pontos “o Brasil tem de ser dono de si mesmo, dono de seu destino. Tem de voltar a ser um país soberano. Com soberania e responsabilidade seremos respeitados para compartilhar essa grandeza com a humanidade – solidariamente, jamais com subordinação”.

Ao todo, a cerimônia recebeu mais de 300 mil pessoas de todos os estados do Brasil e de mais de 60 delegações estrangeiras diferentes que intensificaram o clima de festa e confraternização que já tomava as ruas da cidade desde os últimos dias. Entre os participantes estiveram integrantes de movimentos como o MAB, o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), o Movimento Camponês Popular (MCP), o Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), o Movimento de Mulheres Camponesas (MMC), o Levante Popular da Juventude e o Movimento dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Campo (MTC). Eles estavam acampados no Estádio Mané Garrincha, desde o último dia 30, e participaram de uma marcha na manhã deste domingo, 01, rumo à Praça dos Três Poderes.

Segundo Iury Paulino, integrante da coordenação do MAB, a participação em massa da militância de todo o país na posse de forma unificada é algo muito simbólico, porque representa a unidade da esquerda que vai ser necessária para garantir a defesa das pautas progressistas durante o governo Lula. “O Acampamento dos Movimentos Populares foi resultado de uma decisão de continuar a luta pela democracia no Brasil. Ele representa a necessária unidade da esquerda e sinaliza que teremos movimentos organizados e com muita disposição para cobrar o governo e ajudar a construir um país com soberania popular. O fato de termos mais de 10 mil militantes organizados aqui demonstra que é tempo de ‘esperançar’, não de esperar, mas de seguir lutando juntos e com confiança”, afirmou.

Jaqueline Damasceno, que atua no MAB no Pará, foi uma das militantes que ajudou a organizar o acampamento. “Estamos aqui há um mês pra articular essa grande festa que é o encontro de tantos movimentos populares unidos pelo nosso propósito comum que é celebrar a democracia brasileira e lutar por um projeto de governo focado na justiça social”. Participaram da posse militantes do MAB de onze estados.

Aline Ruas também ressaltou que o momento é de celebrar. “Tem algo que aprendi em Cuba é que gente precisa comemorar desde as pequenas até as grandes vitórias. E essa é uma vitória gigante do povo brasileiro e não só nossa, porque o mundo inteiro está comemorando a vitória da democracia e da esperança. O que eu espero é que essa virada do ano seja uma virada de valores, de sentimentos, de propósitos”.

Iury avalia que a onda de celebração que se espalhou pela capital é o reflexo desse movimento. “Brasília é o centro político do país e quem acompanhou a política aqui nesses últimos seis anos viu a cidade se entristecendo, viu a diversidade desaparecendo, viu a cor sumindo de Brasília. Depois da eleição de Lula, a gente já começou a ver uma mudança. E nesses últimos dois dias a gente começou a ver o colorido voltar às ruas, a alegria voltar às ruas, a esperança voltar às ruas. Apesar de tudo que fizeram para tentar assustar o povo, afastar a militância das ruas, que é o nosso lugar, não conseguiram fazer isso. Eu sinto as pessoas com muita esperança. Eu sinto que as pessoas vieram pra posse com muito cuidado, mas com muita alegria. O medo não conseguiu suplantar a alegria do povo”, complementou Iury.

O coordenador foi um dos integrantes da equipe de transição do governo Lula. Segundo ele, esse foi um momento muito importante pra entender as estruturas do governo e desenhar propostas concretas pra incluir os atingidos por barragens como protagonistas na construção de um país soberano e popular. Estamos lutando pra conquistar espaços institucionais para avançar com as pautas dos atingidos, os atingidos pelos empreendimentos, os atingidos pelos crimes ambientais e os atingidos pelas mudanças climáticas. É um grande desafio, mas estamos confiantes”.

Após a posse de Lula, os militante prestigiaram o Festival do Futuro, que conta com mais de 30 atrações lotou a Esplanada desde cedo.

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