Atingidos pela barragem de São Roque organizados no MAB avançam na reparação dos direitos

Localizada no Rio Canoas, em Santa Catarina, entre os municípios de São José do Cerrito e Vargem, a usina deixou famílias atingidas sem acesso à água e à energia elétrica por conta do acelerado enchimento do lago

A comunidade do Ramo Verde, pertencente a Brunópolis foi uma da atingidas pelo enchimento do lago da Usina de São Roque, que deixou moradores sem acesso à luz, água e estrada

Ontem, 30 de junho, os atingidos pela Usina São Roque realizaram uma reunião com a empresa Nova Participações S.A, responsável pelo empreendimento, para reivindicar a reparação das perdas sofridas pelas comunidades, bem como a garantia de direitos individuais que vêm sendo violados há 10 anos, desde o início das obras.

Após seis anos de paralisação, a empresa concluiu a construção da barragem e obteve a autorização para o enchimento do reservatório em abril deste ano, dando início à sua operação no mês de junho, mesmo com inúmeras pendências e situações indefinidas nas comunidades ribeirinhas do entorno, conforme explica Cleiton Goss, atingido pela barragem e vereador do município de Brunópolis.

“A construção da UHE São Roque e, mais recentemente, o enchimento do lago no começo de junho, trouxeram muitas consequências socioambientais para toda a região atingida”, pontuou Pedro Melchiors, integrante da coordenação do MAB.

O reservatório da usina encheu em pouco mais de uma semana, provocando o fechamento de estradas, a perda do acesso à água e à energia elétrica, além de inviabilizar o trânsito entre os municípios de Brunópolis e São José do Cerrito através da balsa que opera na região.

O coordenador do MAB explica que algumas das conquistas das famílias acertadas nas negociações com a empresa foram: reestabelecimento do acesso à energia, com ligação das redes onde for necessário; reestabelecimento do acesso à água, com perfuração de poço artesiano e encanamento até as casas e terrenos; indenização referente â perda de alimentos pela falta de eletricidade; melhoria nas estruturas da balsa que liga Brunópolis e São José do Cerrito e construção de estruturas comunitárias. Ainda ficou pendente um acordo sobre a documentação das terras remanescentes que ficaram para as famílias na beira do lago.

Hidrelétrica foi autorizada a encher seu lago em abril deste ano, apesar de várias pendências relacionadas à reparação do direito das comunidades atingidas

Pedro Melchiors afirma ainda que o MAB continua organizado em defesa da reparação integral dos direitos dos atingidos da barragem de São Roque. “Os direitos só são conquistados quando as famílias permanecem unidas e mobilizadas”, finaliza o dirigente.

Conteúdos relacionados
| Publicado 21/12/2023 por Coletivo de Comunicação MAB PI

Desenvolvimento para quem? Piauí, um território atingido pela ganância do capital

Coletivo de comunicação Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) no Piauí, assina artigo sobre a implementação de grandes empreendimentos que visam somente o lucro no território nordestino brasileiro

| Publicado 22/10/2021 por Coletivo de Comunicação MAB SC

Famílias atingidas pela UHE São Roque conquistam reassentamento rural coletivo em Santa Catarina

Conquista é resultado de anos de luta do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) por reparação justa e direito à terra

| Publicado 24/08/2023 por Pedro Stropasolas do Brasil de Fato

Barragem de São Roque: famílias que perderam casa e produção renovam esperanças de reparação após audiência pública

O Brasil de Fato visitou a região para mostrar os impactos socioambientais e o drama de quem não foi indenizado

| Publicado 04/09/2023 por Coletivo de Comunicação do MAB SC

Memorial reaviva a luta contra a Barragem de Itapiranga em Santa Catarina

Há quase 40 anos atingidos lutam para impedir construção de empreendimento que alagaria terras de sete municípios, entre Santa Catarina e Rio Grande do Sul