NOTA | Enchimento da barragem de São Roque deixa dezenas de famílias sem água e energia elétrica na Serra Catarinense

Na primeira semana do mês de maio de 2022, um verdadeiro crime se consumou nas encostas do Rio Canoas, em Santa Catarina. Após seis anos de obra parada, a Usina […]

Na primeira semana do mês de maio de 2022, um verdadeiro crime se consumou nas encostas do Rio Canoas, em Santa Catarina. Após seis anos de obra parada, a Usina Hidrelétrica de São Roque, enfim, concluiu a construção da barragem e obteve a autorização para o enchimento do reservatório, mesmo com inúmeras pendências e situações indefinidas nas comunidades ribeirinhas atingidas.

Com as intensas chuvas que caíram sobre Santa Catarina no início do mês de maio, a Empresa Engevix aproveitou a carga d’água dos temporais para formar o reservatório de forma abrupta, o que ocasionou um verdadeiro crime, afinal as famílias atingidas não foram avisadas e várias obrigações que a empresa deveria cumprir não foram realizadas a tempo.

Sendo assim, o repentino enchimento do lago deixou dezenas de famílias sem acesso à água potável, uma vez que a enchente destruiu os poços artesianos das famílias e das comunidades. Além disto, várias famílias estão sem energia elétrica há mais de uma semana nas suas casas em razão da retirada dos postes sem que as novas instalações fossem colocadas.

Outro fato grave é a inviabilização das estradas antigas, que foram alagadas sem a construção das novas por parte da empresa, que também ainda não entregou a nova balsa entre os municípios de Vargem e São José do Cerrito. Assim, algumas famílias estão ilhadas e outras estão tendo que percorrer longas distâncias para se locomover nas estradas que sobraram funcionando.

Soma-se a isto o fato de que centenas de araucárias foram suprimidas sem o devido manejo, poluindo a água do rio e se acumulando próximo ao talude da barragem, onde o Rio Canoas se transformou num depósito de entulhos. Ademais, o nível de água superou os marcos colocados pela barragem nas encostas do Rio Canoas, o que atingiu matas que não estavam previstas de serem afetadas pelo reservatório segundo o estudo ambiental.

O Movimento dos Atingidos por Barragens está monitorando a situação e denuncia: o que está ocorrendo na barranca do Rio Canoas é um crime social e ambiental. Não permitiremos que as comunidades ribeirinhas e o meio ambiente sejam destruídos. Exigimos que a empresa seja responsabilizada pelos danos e que medidas sejam urgentemente tomadas para reparar integralmente todos os prejuízos causados contra as famílias atingidas e o meio ambiente.

Água e Energia não são Mercadorias!
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