Sirene de barragem da CSN em Congonhas (MG) toca acidentalmente e apavora atingidos

Para o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), toque equivocado de sirene durante manutenção da estrutura mostra o descaso da CSN com os atingidos

 No mês passado a Barragem Casa de Pedra foi interditada após vazamentos e erosões em sua estrutura.

Maior barragem localizada em área urbana na América Latina, a barragem de rejeitos Casa de Pedra, de propriedade da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), teve sua sirene acionada em Congonhas na manhã da segunda-feira, 21. Segundo a mineradora, “a sirene tocou em volume reduzido durante uma atividade de manutenção de rotina do equipamento”. Os moradores dos bairros Cristo Rei e Residencial Gualter Monteiro que ficam no entorno da barragem, porém, não haviam sido avisados sobre a atividade e ficaram desesperados pela possibilidade de rompimento.

A Casa de Pedra ´é quatro vezes maior que a barragem de Córrego do Feijão, que se rompeu em Brumadinho. Pelo menos 5 mil moradores estão na área de inundação imediata em caso de rompimento.

Francisco Ribeiro, atingido da barragem desabafa sobre o toque da sirene da estrutura que pode ser visualizada pela janela das casas do entorno. “Virou brincadeira essa sirene tocando. Não pode acontecer isso não. As pessoas desesperadas com uma coisa que não é avisada”.

Em nota, a CSN Mineração justificou a atividade que estava sendo realizada: “as manutenções preventivas buscam garantir a confiabilidade do sistema, para o caso de emergência”.

Para os coordenadores do MAB em Minas Gerais, esse tipo de “incidente” é reflexo da postura de indiferença da CSN em relação ao estado de medo insegurança das quase 5 mil pessoas que moram abaixo da barragem. “É preciso mudar a classificação de risco da barragem de baixo para alto”, defende ainda o Movimento.

A Barragem Casa de Pedra foi erguida na área urbana de Congonhas quando os moradores já ocupavam a região e se transformou em uma bomba-relógio. Hoje, ela acumula 103 milhões de metros cúbicos de rejeito de minério.

Desde 2019, a CSN responde na Justiça por danos causados aos atingidos, mas recorreu de todas as decisões.

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