MAB promove encontro entre atingidos de Congonhas (MG)

Moradores que vivem abaixo da Barragem da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), maior localizada em área urbana na América Latina, relatam o medo e o descaso da empresa diante de risco de rompimento

Encontro de moradores do bairro Residencial na sede da APAE do município.

Quase uma centena de pessoas participaram de atividade realizada pelo Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) ontem, 20, na quadra da APAE, em Congonhas. O encontro faz parte da Semana de Mobilização e Luta das famílias atingidas por enchentes e barragens.

Durante o encontro, os atingidos denunciaram os três anos de impunidade do crime da Vale em Brumadinho e o impacto das “enchentes de minério”, que causam destruição, contaminação e doenças nas áreas exploradas pelas mineradoras nesse momento em que o estado vive várias inundações. Também foi discutida a falta de participação e transparência na aplicação de quase R$ 600 milhões de impostos gerados pela mineração e arrecadados pelo município no ano de 2021.

Os moradores do bairro Residencial, que fica abaixo da barragem Casa de Pedra (de propriedade da CSN), relataram o abandono por parte da empresa, da Câmara Municipal e da Prefeitura durante momentos de tensão nesse período de chuvas, por conta do risco de rompimento da estrutura. Os atingidos criticaram duramente autoridades que garantem que a barragem é segura, mas moram longe da área de risco. “Vamos trazer eles para morarem em nossas casas”, sugeriu uma das moradoras na reunião.

Os participantes ainda defenderam a indenização para todas as famílias da área de risco de Casa de Pedra e o aumento do auxilio proposto pela Prefeitura para os atingidos pelas enchentes. Segundo os moradores, os R$ 1.400 mensais por cinco meses seriam insuficientes para reparar os danos e transtornos causados pelos alagamentos.

Foi decidido durante o encontro que os atingidos irão participar de uma passeata no dia 25 de janeiro no centro da cidade (em protesto contra a impunidade no caso de Brumadinho) e de uma reunião na Câmara Municipal no dia da votação do “auxilio-enchente”. Também foi deliberada a realização de uma assembleia popular com presença de autoridades em data a ser marcada.

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