Condolências pela morte de sete trabalhadores terceirizados da Engie no Pará

Queda de torres de transmissão é um retrato da precarização a que estão submetidos os trabalhadores conforme avança a privatização no setor elétrico

O Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) se solidariza com as famílias dos sete trabalhadores mortos devido à queda de duas torres de transmissão da empresa transnacional Engie, entre os municípios de Anapu e Pacajá (PA), na última sexta-feira (16).

Queda da torre da empreiteira Sigdo Koppers Ingeniería y Construcción causou a morte de sete trabalhadores. Crédito: A Voz do Xingu/Reprodução

Os trabalhadores terceirizados eram contratados pela SKIC (Sigdo Koppers Ingeniería y Construcción), empreiteira chilena responsável pelas obras. Outros 12 trabalhadores que estavam no local foram hospitalizados. Até esta terça (20), oito deles já haviam recebido alta, porém dois ainda estão na UTI do Hospital Regional da Transamazônica, em Altamira (PA).

Dos sete trabalhadores mortos, seis foram levados de avião para Aracaju (SE) e São Luís (MA) e um foi sepultado em Goianésia (PA). Estes são os nomes dos trabalhadores que morreram e os estados de origem: Luís Carlos Pereira, (MA), Oziel da Silva Passos (SE), Expedito Bezerra dos Santos Filho (SE), Romário Santos (MA), Fagne Martins da Silva (MA), José Neponuceno Guimarães (PI) e Alex da Natividade Rodrigues (MA). Como é comum nas obras de grande escala na Amazônia, são homens, a maioria jovens e migrantes. A polícia ainda está investigando as causas do ocorrido para apurar se a queda foi realmente um acidente.

Para o MAB, esta triste realidade é um retrato da precarização a que estão submetidos os trabalhadores do setor elétrico. Desde a reestruturação da indústria de energia nos anos 90, com o processo de privatização, a terceirização é cada vez mais recorrente nessas empresas. Como consequência, os trabalhadores submetidos a essa condição estão mais expostos a acidentes e são a maioria absoluta de vítimas fatais. Relatos de pouco preparo técnico e ausência de equipamentos de segurança adequados são comuns nas atividades terceirizadas.

Há menos de três meses, a região da Transamazônica testemunhou uma  tragédia semelhante. O jovem Leandro Viana morreu ao ser atingido por uma descarga elétrica enquanto fazia manutenção na rede de alta tensão na rodovia Transamazônica, perímetro urbano de Altamira (PA). Outro colega de trabalho foi internado com ferimentos graves. Os dois eram funcionários terceirizados da Equatorial Energia, a distribuidora privada que atende os estados do Pará, Piauí, Maranhão e Alagoas. Ironicamente, a morte deste trabalhador aconteceu justamente no dia em que a Câmara dos Deputados aprovou a privatização da Eletrobrás, para entregar o que ainda resta de patrimônio público no setor elétrico às mãos da iniciativa privada.

A Engie, ex Tractebel, autointitula-se “a maior produtora privada de energia do Brasil” e detém a concessão de 72 usinas (10.791MW, cerca de 6% da capacidade do país). Possui também um considerável histórico de violações de direitos dos atingidos. Inclusive, uma de suas usinas, Cana Brava (GO), consta no relatório do Conselho Nacional de Direitos Humanos que apontou a violação sistemática de direitos humanos na construção das hidrelétricas no Brasil.

Manifestamos condolências às famílias dos trabalhadores falecidos e estimas de rápida recuperação aos que ainda estão internados. Reafirmamos nossa solidariedade com todos os trabalhadores do setor elétrico e estamos juntos na luta pela vida, por direitos e pela construção de um projeto energético soberano e popular para o Brasil.

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