Atingidos pela UHE São Roque lutam por reassentamento rural coletivo em Santa Catarina

Famílias já escolheram área e esperam avanço sobre decisão de reassentamento

Na região serrana de Santa Catarina, famílias atingidas pela UHE São Roque, localizada no Rio Canoas entre Vargem e São José do Cerrito, reafirmam a luta pela compra de áreas de terra, e visitam lotes para construção de reassentamento rural coletivo de 11 famílias.

Desde 2016, as obras da empresa São Roque Energética S.A, de propriedade da Nova Participações S.A, Engevix estão paralisadas, e por todos estes anos, os direitos das famílias são negados.

Em dezembro de 2020, a empresa anunciou a retomada das obras, e os atingidos, que permaneceram vigilantes e organizados durante todos estes anos, conquistaram novas negociações.

É direito das famílias participar e escolher como devem ser reparados seus direitos. Os reassentamentos coletivos, conquistados em diversas regiões há mais de 30 anos pelo Movimento dos Atingidos por Barragens, como por exemplo na barragem de Itá, é a forma mais justas de reconstruir a vida das famílias e comunidades atingidas, contemplando as estruturas das famílias como casa, galpão e terra para plantar, além de manter o vínculo comunitário entre os atingidos.

Desta forma, nos últimos dois meses as famílias realizaram visitas em áreas autorizadas pela empresa na região. As famílias atingidas já escolheram onde querem reconstruir suas vidas, e indicaram áreas de reassentamento. Agora, solicitam que a empresa compre imediatamente a área de terra. No entanto, a empresa nega este direito, afirmando dificuldades pela alta inflação dos valores das terras na região.

“A barragem começou em 2014, já são cinco anos que poderíamos estar reassentados, e ainda estamos aqui, queremos que comprem logo a terra para recomeçar nossa vida, vamos lutar para que seja uma área que nos se agrade, não é nossa culpa que os valores das terras aumentaram, e a empresa vai ter muito lucro com a venda da energia”, explica o atingido Marcio Cruz dos Santos, de São José do Cerrito.   

Nas próximas semanas, estão sendo agendadas reuniões de negociação com a empresa. As famílias, depois de todos estes anos, esperam avanços concretos na reparação de seus direitos e reconstrução de suas vidas.

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