Nota | Atingidos repudiam audiência virtual para obra em usinas em Angra dos Reis (RJ)

No último dia 22, em encontro online, tanto a Eletronuclear quanto o Ibama não responderam questionamentos sobre as condicionantes da obra, que atinge comunidades em Angra dos Reis

Na última sexta-feira, dia 22 de janeiro, o IBAMA realizou uma audiência pública virtual sobre o empreendimento “Unidade de Armazenamento Complementar a Seco de Combustível Irradiado (UAS)” da Central Nuclear Almirante Álvaro Alberto (CNAAA), que está sendo instalado junto às Usinas Termonucleares de Angra 1 e Angra 2, no município Angra dos Reis, no Rio de Janeiro.

Foto: Eletrobras / Divulgação

A obra está sendo construída pela Eletronuclear, com o objetivo de armazenar os combustíveis usados para geração de energia nas termoelétricas Angra 1 e 2, considerando que a capacidade de armazenamento das piscinas das usinas nucleares da empresa está chegando ao limite. Dessa forma, os elementos irradiados precisarão ser transferidos para um novo repositório.

É de conhecimento de toda a sociedade que a cadeia de produção de energia nuclear ocasiona uma série de impactos e riscos ao meio ambiente e às populações que vivem no entorno dos parques nucleares, inclusive em Angra dos Reis, na qual, entre vários impactos, muitos agricultores já não conseguem produzir alimentos e garantir sua subsistência por estarem em área atingida.

Além do mais, a bacia do Rio Bracuí é uma das principais ameaçadas com a presença do parque nuclear no território. Com isso, todas as discussões para instalação ou ampliação destes empreendimentos devem garantir o direito à informação e à participação popular, algo que não ocorreu com efetividade e seriedade ao se realizar a audiência no último dia 22, além de que, durante a audiência, a Eletronuclear e o IBAMA não responderam a nenhum questionamento sobre as condicionantes da obra, denunciam os atingidos de Angra dos Reis.

A realização da audiência pública é parte fundamental para a instalação de empreendimentos, orientado por legislação federal, devendo prezar pela participação das comunidades atingidas e ao entorno da obra.

De acordo com os atingidos, considerando os riscos oferecidos pela energia nuclear, era aconselhável que a audiência ocorresse após a pandemia da Covid-19, já que a realização da audiência pública de maneira virtual não possibilita a contestação das informações e a participação da sociedade com efetividade e representatividade.

O IBAMA e Eletronuclear desconsideraram a falta de acesso a internet nas comunidades do território atingido, as dificuldades no uso de plataformas digitais e a impossibilidade de aglomeração para transmissão da audiência em locais públicos. Segundo os atingidos, é inaceitável que o IBAMA e a Eletronuclear queiram deixar a população de fora deste debate.

“A realização de uma audiência não pode ser só para cumprir pré-requisito, tem que ser efetiva e construída com seriedade, possibilitando a participação dos maiores interessados na discussão que é a própria população”, afirmam.

Assim, solicitam a suspensão da audiência e convocação de uma nova audiência pública após a pandemia, com ampla divulgação e participação popular. 

Conteúdos relacionados
| Publicado 21/12/2023 por Coletivo de Comunicação MAB PI

Desenvolvimento para quem? Piauí, um território atingido pela ganância do capital

Coletivo de comunicação Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) no Piauí, assina artigo sobre a implementação de grandes empreendimentos que visam somente o lucro no território nordestino brasileiro

| Publicado 30/04/2021 por Movimento dos Atingidos por Barragens - Rio de Janeiro

No RJ, MAB demonstra preocupação com fim de grupo especializado em Meio Ambiente do MP estadual

MAB quer esclarecimentos sobre o encerramento do GAEMA e o que vai acontecer com os casos que o grupo acompanhava

| Publicado 29/01/2021 por Movimento dos Atingidos por Barragens - Santa Catarina

Atingidos por barragem da CASAN, em Florianópolis, afirmam que edital de indenização não é legítimo

Para o MAB, edital lançado nesta quinta-feira (28) pela empresa responsável pela barragem rompida na capital catarinense não dá conta de reparar danos sofridos pela comunidade

| Publicado 27/01/2021 por Movimento dos Atingidos por Barragens - Santa Catarina

Nota | Barragem rompe em Florianópolis, no dia em que o crime da Vale em Brumadinho completa dois anos

MAB se solidariza com os atingidos e cobra providências de reparação pelas perdas das famílias