Retrospectiva | Apesar de serem as mais impactadas com pandemia e desigualdade, mulheres fortalecem a resistência

A mulher fica mais exposta ao risco de adoecimento para salvar vidas. Mas a quem cabe salvar as vidas das mulheres?

Comunicação MAB

O ano de 2020 foi atípico. Já enfrentávamos um cenário de crise econômica e politica, que se agravou com a pandemia do Covid-19 ao conjunto dos trabalhadores, mas, principalmente as mulheres.

Em todo contexto de crise, as mulheres são as primeiras a sofrerem as consequências. De forma brutal, elas sentem, todos os dias, os efeitos das desigualdades, agravadas por políticas criminosas como as do governo Bolsonaro.

Nas crises do capital, as mulheres são as primeiras as serem demitidas, entre elas destacam-se as mulheres negras, que representam a maior parte das trabalhadoras domésticas, babás, cuidadoras, entre outros serviços.

Em consequência disso, é aprofundada a carga da jornada de trabalho doméstico, há uma piora nos cuidados com a saúde, além do aumento de uma preocupante situação: a violência contra as mulheres.

Este ano, no período mais crítico da pandemia, entre março e setembro, houve uma queda de 53% na realização de exames de mamografia (que detectam câncer de mama) na rede pública estadual de São Paulo. Isso foi por medo de contrair o vírus, mas também pela suspensão dos exames no SUS, falta de técnicos, equipamentos quebrados e também pela falta de tempo das mulheres para priorizarem a saúde diante de tantas tarefas.

A violência contra as mulheres cresceu. Segundo o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, houve um aumento de 22% no número de feminicídios (assassinato de mulheres) somente entre março e abril, em 12 estados. E a justiça pouco faz nesses e em outros casos de violência contra as mulheres, vide o que ocorreu com a jovem Mariana Ferrer na esfera judicial.

Em 2020 as empresas do capital avançam nos territórios com a flexibilização de leis ambientais, sem impunidade e responsabilidade.  As vítimas têm seus direitos negados, são excluídas dos processos de participação e decisão, como nos casos dos crimes da Empresa Vale em Mariana e Brumadinho, e nos ataques sofridos na Amazônia.  

A mulher fica mais exposta ao risco de adoecimento para salvar vidas. Mas a quem cabe salvar as vidas das mulheres?

Apesar do isolamento social, que escancara ainda mais as desigualdades de gênero, as mulheres lutam e buscam um elo de conexão entre a classe trabalhadora. São elas as protagonistas de redes de solidariedade com a distribuição de comida para as famílias mais vulneráveis, revelando o descaso do governo Bolsonaro com a população brasileira.

Nos casos de violência, foram elas que exigiram dos estados medidas de segurança e transparência nos dados, e construíram redes de comunicação via aplicativos para situações de violência.

Todas as contradições presentes na realidade, agravadas pela pandemia, provam duas coisas: de um lado, as mulheres são as que sofrem as piores consequências das desigualdades; de outro, são elas que provam na prática, que são resistentes, lutadoras, e pensam no bem comum da coletividade. São protagonistas de lutas e sonhos pela liberdade das mulheres e da classe trabalhadora. Resistir é o que nos cabe com muita solidariedade entre mulheres e homens até que todas sejamos livres.

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