Prêmio por 272 mortes e a bacia do rio Paraopeba devastada

Vale premia em R$ 19 milhões diretores indiciados por homicídio duplamente qualificado

Foto: Isis Medeiros

A mineradora Vale responsável pelo crime em Brumadinho e na bacia do rio Paraopeba, premiou os diretores da empresa em 19 milhões de reais, por um bom desempenho em 2019. Ano em que a empresa matou 272 pessoas, com 11 ainda não encontradas, além da morte do rio Paraopeba que atingiu milhares de famílias e comunidades ribeirinhas, e a devastação ambiental, quais os méritos desses diretores nos quais quatro deles foram indiciados por homicídio qualificado?

A notícia causa indignação em quem ainda espera pela reparação integral do crime que a mineradora causou em 25 de janeiro de 2019. Onze famílias aguardam os entes queridos ainda não encontrados e terão que aguardar ainda mais para sepultarem suas joias, já que infelizmente o Corpo de Bombeiros, por medidas de isolamento social devido ao coronavírus, paralisaram as buscas. No entanto, a produção da Vale continua porque sede pelo lucro não para.

Na comunidade do Córrego do Feijão e Parque da Cachoeira, por exemplo, a mineradora não pagou todas as indenizações individuais às famílias que foram forçadas a saírem da comunidade, pelos traumas causados no rompimento. A mineradora nega pagamento de indenização as crianças por danos psicológicos que que ficaram ao redor do campo de futebol vendo os corpos dos familiares chegarem a todo momento.

Hoje, as denuncias dos atingidos são sobre a contaminação do ar, solo e água, pois não se sabe a quantidade de metais pesados nesses elementos. Os ribeirinhos perderam a referência do rio Paraopeba, as crianças perderam o lazer, as famílias perderam o peixe e a horta no fundo do quintal que complementava a alimentação. Os agricultores não escoam mais a produção.

Qual é o prêmio dessas famílias? O descaso? A perca dos modos de vida? O prêmio dos diretores da Vale é pelas metas de sustentabilidade e reparação de desastre. Essas metas são pela campanha publicitária nos meios de comunicação? Porque por aqui a vida e o dia a dia dos atingidos da bacia do Paraopeba continuam paralisados.

Essas são questões que precisam ser expostas para desmascarar a Vale que, ao mostrar-se uma empresa de “responsabilidade social” visa apenas o agrado aos acionistas e os acordos com os governos por respaldos em licenças ambientais, negando o direito a reparação integral do povo.

O momento aponta para uma forte organização da sociedade para que crimes da mineração não aconteçam mais. O Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB),não deixará de denunciar os “prêmios” maléficos do capital e não deixará que a voz dos atingidos sejam silenciadas.

O lucro não Vale a vida!

Conteúdos relacionados
| Publicado 21/12/2023 por Coletivo de Comunicação MAB PI

Desenvolvimento para quem? Piauí, um território atingido pela ganância do capital

Coletivo de comunicação Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) no Piauí, assina artigo sobre a implementação de grandes empreendimentos que visam somente o lucro no território nordestino brasileiro

| Publicado 04/05/2020

Fundação Renova e a violação do direito à moradia

É preciso perguntar como a Fundação Renova consegue fazer uma (não) reparação dessa forma. E para responder a essa pergunta é também preciso lembrar que, na verdade, estamos lidando com empresas: Vale, Samarco, BHP Billiton e a própria Renova

| Publicado 23/04/2020

Conduta de psicólogos em Brumadinho é denunciada ao MPF

Um batalhão de “voluntários” contratados pela Vale, como psicólogos e assistentes sociais, apressou-se a tentar aliviar a situação da criminosa, com ações antiéticas e claramente em defesa da empresa que causou a tragédia-crime com atendimentos aos atingidos

| Publicado 26/06/2020

Agricultores e piscicultores procuram outros trabalhos para garantir renda afetada pelo crime da Vale

Na bacia do rio Paraopeba, pequenos agricultores se viram como pode para sobreviver em meio as consequências do rompimento da barragem Mina Córrego do Feijão