Atingidos exigem justiça por Dilma Ferreira e todos os mortos em chacina no Pará

Atingidos seguem mobilizados acompanhando as audiências do caso e exigem justiça por Dilma Ferreira e todos os mortos em chacina no Pará 

Acontece hoje, 29 de novembro, no Fórum de Baião (PA), a terceira audiência sobre a chacina que, em março deste ano, levou a execução de 6 pessoas, incluindo Dilma Ferreira Silva, integrante da coordenação regional do Movimento dos Atingidos por Barragens(MAB) na região atingida pela hidrelétrica de Tucuruí. Dezenas de atingidos estão mobilizados para acompanhar a sessão e exigir justiça.

Fernando Ferreira Rosa Filho, conhecido como “Fernandinho” e apontado como mandante dos assassinatos, também é acusado de vários outros crimes na região, como tráfico de drogas, grilagem de terras, roubo a banco e homicídio. O mandante, além de proprietário de supermercados e hotéis na região de Novo Repartimento, também é dono da fazenda vizinha ao Assentamento Salvador Allende, onde morava Dilma e seu marido, Claudionor Costa da Silva, também executado junto com um amigo da família, Milton Lopes.

Dois dias depois às execuções de 22 de março, três trabalhadores da fazenda de Fernandinho foram mortos e tiveram seus corpos queimados, sendo o casal de caseiros e o tratorista. Segundo as investigações policiais, o grileiro tinha interesse na terra do assentamento e construía, na sua fazenda, uma pista clandestina para pouso de aeronaves para o tráfico de drogas. De acordo com testemunhas, tanto Dilma quanto os trabalhadores tinham conhecimento da obra ilegal.

Na audiência de hoje, além de ouvir as testemunhas, também será decidido sobre o pedido da defesa, para que Fernandinho possa responder em liberdade usando tornozeleira eletrônica. No momento, o acusado segue em prisão preventiva e novos fatos que venham a acrescentar na denúncia podem forçar a continuidade da prisão. Fora o mandante, um intermediário e mais um dos quatro irmãos que executaram o crime estão presos; dentre os demais, um está foragido e os outros dois foram mortos.

O crime brutal contra Dilma, de repercussão internacional, também guarda evidências de tortura e estupro e, somando-se aos demais assassinatos, qualifica mais uma chacina contra o povo trabalhador e que luta. O MAB vem acompanhando todos os momentos do processo desde as primeiras investigações, dando assistência às famílias das vítimas, mobilizando os atingidos da região para cobrar justiça e denunciando mais este crime como parte do processo de criminalização e violência contra os atingidos e lutadores do povo.

Conteúdos relacionados
| Publicado 21/12/2023 por Coletivo de Comunicação MAB PI

Desenvolvimento para quem? Piauí, um território atingido pela ganância do capital

Coletivo de comunicação Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) no Piauí, assina artigo sobre a implementação de grandes empreendimentos que visam somente o lucro no território nordestino brasileiro

| Publicado 22/03/2020

Dilma Ferreira: seu exemplo nos inspira a lutar

Neste domingo (22 de março), completa-se um ano do assassinato de nossa companheira Dilma Ferreira Silva, coordenadora de base do Movimento dos Atingidos por Barragens, na região atingida pela hidrelétrica de Tucuruí, no Pará.

| Publicado 18/03/2023 por Francisco Kelvim

Às vésperas dos 4 anos do assassinato de Dilma Ferreira, justiça condena um dos assassinos

Cosme Alves, um dos assassinos da chacina de Baião, no Pará, foi condenado no ultimo 1º de março

| Publicado 22/06/2020 por Leonardo Fernandes / Comunicação MAB

Atingidas na Amazônia denunciam ameaças para relatora da ONU

Mary Lawlor, relatora da Organização das Nações Unidas, ouviu defensoras dos direitos humanos militantes do MAB que estão ameaçadas por grandes empreendimentos na Amazônia