Frei Betto: saída de Dirceu foi correta e tardia

O ex-assessor especial da Presidência da República e amigo pessoal de Lula desde os tempos em que ele era metalúrgico, o frade dominicano e escritor Frei Betto, defende o presidente, […]

O ex-assessor especial da Presidência da República e amigo pessoal de Lula desde os tempos em que ele era metalúrgico, o frade dominicano e escritor Frei Betto, defende o presidente, diz que agora é a hora dos movimentos sociais pressionarem o governo por mudanças na política econômica (o motivo de seu afastamento do governo) e que a saída de José Dirceu foi correta e tardia.

Brasil de Fato – Os efeitos colaterais das declarações do deputado Roberto Jefferson serviram para rearticular a esquerda?

Frei Betto – Primeiro, eu não dou nenhum crédito ao que o Jefferson fala. Segundo, criou-se uma conjuntura favorável a essa articulação. Eu creio que é hora dos movimentos não só defenderem o governo Lula, mas também pressionarem para uma mudança na política econômica.

BF – Qual o papel que os intelectuais ligados ao PT devem exercer neste momento?

Frei Betto – O papel do intelectual é ser crítico, contribuir criticamente para aprimorar um processo que favoreça a maioria da população.

BF – A saída de Dirceu foi uma atitude correta?

Frei Betto – Correta e tardia porque, na minha opinião, ele devia ter saído já no caso Waldomiro Diniz, como ele mesmo admitiu agora.

BF – E no caso do Delúbio Soares e do Sílvio Pereira?

Frei Betto – Na posição deles, eu também pediria licença até que as denúncias fossem apuradas.

BF – E a política econômica do governo?

Frei Betto – É uma política antipopular, que favorece o capital em detrimento do trabalhador.

BF – Por que Lula não escuta a voz do povo, que lhe indica um outro caminho a seguir?

Frei Betto – Ele escolheu esse caminho, talvez por temer uma desestabilização, por temer uma reação mais violenta da elite brasileira, não saberia dizer, não tenho clareza disso. De qualquer maneira, eu discordo da política econômica, uma das razões pelas quais eu deixei o governo.

BF – O senhor costuma dizer que “a cabeça pensa onde os pés pisam”. O presidente Lula ficou maravilhado em pisar em tapetes vermelhos?

Frei Betto – Isso é bobagem, porque na Presidência se conhece mais da realidade. Não vejo por aí, não. Acho que o presidente é muito sensível ao drama da pobreza, enfim, das origens dele.

BF – Qual a influência do ministro Antônio Palocci nas decisões de Lula?

Frei Betto – Não tem influência, quem decide é o presidente. A decisão não é do Palocci. A responsabilidade dessa política econômica é do presidente.

BF – E por que ele não muda e escuta a voz do povo?

Frei Betto – Não sei. Não sei. Não sei responder a essa pergunta.

BF – E sobre a Carta ao Povo Brasileiro?

Frei Betto – Assino embaixo.

Fonte: Brasil de Fato

 

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